Fernando e Michele


   Fernando gostava de Michele. Só ele (e praticamente toda a sala do terceiro ano) sabia. Mas era um rapaz tímido. Amava, coitado. Eram amigos.
   - Fefê... - dizia melosamente o seu amor inconfessável
   - Diga... - respondia todo molenga
   Os meninos na sala viam aquilo. E pensavam:
   - Quando é que ele vai se declarar pra ela?
   Mas o dia não tardaria em chegar. Estava marcado em sua memória: 15 de março, dia do churrasco na casa do Diego. Todos estarão lá. Ela também. Michele... A morena dos olhos castanhos-escuros, de tez corada, com um corpo juvenil pecaminoso. Seus pensamentos se voltam nisso - e somente.
   Então, passado os dias, chegou o dia 15. Fernando havia pedido à sua mãe para comprar no catálogo da Natura aquele perfume amadeirado. Tudo estava em ordem. Exceto sua cabeça, a fervilhar com a sua loucura.
    20h15. Chega Fernando na festa. Estava demais, realmente tinha se ajeitado como queria. Se sentia confiante, até porque, pensou, tinha reunido a coragem. Após cumprimentar a todos os conhecidos, num sofá vermelho, estava Michele, com um vestido verde. Esperança.
    - Oi Fefê, achei que não viria!
    - Estou aqui, então. Cadê a cerva?
    - Tá aqui.
    - Fernando! - fala um de seus amigos. - Vem cá, cara!
    - Já vou! Mih, depois volto, tá?
    - Tá.
    E ele foi ao encontro dos amigos, perto da churrasqueira. Conversaram durante um bom tempo, beberam umas doses mais fortes de tequila, só para esquentar os ânimos. Logo mais, ele ia ao encontro de Michele, agora mais fortalecido.
    Encontra ela beijando um loiro. Ele volta pra perto da churrasqueira, e fica durante toda a festa por lá.

Moral da história: Não esquente marmita se não for comer.
   

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