Somos reclamões

Depois de um período, retorno. O Matheus me falou no Facebook, e me animei. Projetos são coisas maravilhosas, e um fôlego novo é sempre bom. Então, estamos de volta, igual bêbado aleijado, mas de volta.

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OK, deixa de gracinha.
Leu o título, né? Creio que o brasileiro seja um eterno frustrado. Se não é frustrado, é um eterno reclamão, nada tá bom, nada vai melhorar, não existe o positivo. É só ver por aí como ninguém está satisfeito com um exemplo clássico - o tempo. :
 - Quando chove, vem um e fala: "Puta merda, não para de chover, a roupa não seca, dá pregüiça de sair de casa..."
 - Quando faz calor: "Tá quente demais, só vivo suado, enche de mosquito, não dá pra dormir..."
 - Quando faz frio: "Tô congelando, meus dedos estão frios, não dá pra tomar banho direito, sempre tenho gripe..."

É impressionante também que, quando iniciamos uma conversa com um desconhecido, criticar algo é uma praxe. Falar mal do governo (seja ele qual for, municipal, estadual ou federal), procurar um defeito nas ruas, xingar. Creio que até longas amizades tenham surgido por conta desta muleta. Eu também criei essa postagem para falar (ou reclamar, eu sei leitor, você vai me encher o saco nos comentários falando que eu tô reclamando) porque muitas vezes a nossa imprensa faz coisas tão repetitivas e óbvias.

Beleza, carnaval passou. Depois de uma festa durante o dia inteiro, o que sobra é só lixo. Aí, tenho o desprazer de ligar a TV depois de cinco dias, e a matéria de destaque de um telejornal é a sujeira que ficou a capital mineira depois da folia. E aí coloca umas duas pessoas pra falar da situação (coisa do tipo: "é né, falta educação"; "falta consciência"; "meio-ambiente sofre"). Todo o ano é a mesma coisa. E porque fazer TODO o santo ano matéria do tipo? Até porque quem tá em casa vendo TV no carnaval, provavelmente quer que essa época do ano acabe logo.

Aí, matérias como essa alimentam o imaginário público dos transtornos que geram eventos, de políticos sempre são ladrões, etc. Não estou dizendo que o mundo é essa maravilha. Mas o tom é sempre taxativo - problemas e problemas, sem  indicar ao espectador a solução. Basta então reclamar, já que resolver "não adianta". Isto não colabora para fazermos uma sociedade mais prática, e sim mais calcadas no que o nosso parco senso comum julga.

Será que podemos quebrar esse círculo (ou ciclo) vicioso? Bom, podemos praticar o dom da paciência, o dom de não procurar culpado em todo o tipo de problema (outra característica brasileira), enfim, parar pra pensar um pouco mais no que fazer. É "ligar o foda-se" pra algumas coisas, aquelas que não valem a pena perder tempo. Eu tô tentando fazer isso.


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